quinta-feira, 31 de julho de 2008

Por que o frango atravessou a estrada?

PROFESSORA PRIMÁRIA
Porque o frango queria chegar ao outro lado da estrada.

CRIANÇA
Porque sim.

PLATÃO
Porque buscava alcançar o Bem.

ARISTÓTELES
É da natureza do frango cruzar a estrada.

MARX
O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de cruzar a estrada.

MARTIN LUTHER KING
Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos serão livres para cruzar a estrada sem que sejam questionados seus motivos.

FREUD
A preocupação com o fato de o frango ter cruzado a estrada é um sintoma de insegurança sexual.

DARWIN
Ao longo de grandes períodos de tempo, os frangos têm sido selecionados naturalmente, de modo que, agora, têm uma predisposição genética a cruzar estradas.

EINSTEIN
Se o frango cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob o frango, depende do ponto de vista. Tudo é relativo.

MACONHEIRO
Foi uma baita viagem do frango na real…

HELOISA HELENA
A culpa é das elites estelionatárias,caucasianas e aristocráticas que usurpam a população de frangos e mostra a sua capacidade de luta em defesa dos seus direitos.

RENAN CALHEIROS
Desafio alguém que possa provar que o frango atravessou a estrada … É mentira… É tudo mentira.

ZECA PAGODINHO
Porque do outro lado da rua tinha uma Brahma gelada.

CAPITÃO KIRK
Para ir onde nenhum frango jamais esteve.

NELSON RODRIGUES
Porque viu sua cunhada, uma galinha sedutora, do outro lado.

FEMINISTAS
Para humilhar a franga, num gesto exibicionista, tipicamente machista, tentando, além disso, convencê-la de que, enquanto franga, Jamais terá habilidade suficiente para cruzar a estrada.

DATENA
É uma pouca vergonha… Uma Barbaridade… Põe no ar… Põe no ar aí as imagens do frango atravessando a estrada.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Por que ele atravessou a estrada, não vem ao caso. O importante é que, com o Plano Real, o povo está comendo mais frango.

PAULO MALUF
O meu governo foi o que construiu mais passarelas para frangos. Quando for eleito novamente vou construir galinheiros deste lado para o frango não ter mais que atravessar a estrada.

CAETANO VELOSO
O frango é amaro, é lindo, uma coisa assim telúrica. Ele atravessou, atravessa e atravessará a estrada porque Narciso, filho de D.Canô, quisera comê-lo…ou não!

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Porque queria se juntar aos outros mamíferos.

Por dinheiro

Colaboração de uma leitora assídua do Eclesiastes12.

Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma. A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo." E ela responde: "Eu também não, meu filho"... Digo apenas que pensar e realizar tem trazido mais fortuna (=felicidade) do que pensar em fortuna. - Nizan Guanaes

"Existe uma ambição mais elevada do que meramente chegar ao topo do mundo. É a ambição de descer de lá e erguer um pouco mais a humanidade." Henry Van Dike.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Desejo. Poesia de Victor Hugo

Vou confessar um segredo: essa poesia do Victor Hugo teve um forte impacto na minha vida!
O fato aconteceu em 2002. Estava em sala de aula, quando o professor, antes de começar suas atividades, distribuiu várias cópias desta poesia. Apanhei o pedaço de papel com certo descaso, mas as palavras não demoraram muito para derrubar o muro do desinteresse. Espero que aconteça o mesmo com vocês. Caso isso aconteça, não tenho mais nada pra lhes desejar.

Desejo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar

E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo

Desejo depois, que você seja útil
Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor

Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.

Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada

Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso é meu"
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem

Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar

Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar

E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Colar de Carolina

Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.

O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral

nas colunas da colina.

Cecília Meireles

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Capitalismo pelo mundo ...

CAPITALISMO IDEAL
Você tem duas vacas. Vende uma e compra um touro. O rebanho se multiplica e a economia cresce. Você vende o rebanho e aposenta-se... rico!

CAPITALISMO AMERICANO
Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre.

CAPITALISMO FRANCÊS
Você tem duas vacas. Entra em greve porque quer três.

CAPITALISMO CANADENSE
Você tem duas vacas. Usa o modelo do capitalismo americano. As vacas morrem. Você acusa o protecionismo brasileiro e adota medidas protecionistas para ter as três vacas do capitalismo francês.

CAPITALISMO JAPONÊS
Você tem duas vacas, né? Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhos de vacas chamados Vaquimon e os vende para o mundo inteiro.

CAPITALISMO ITALIANO
Você tem duas vacas. Uma delas é sua mãe, a outra é sua sogra, maledetto!!!

CAPITALISMO BRITÂNICO
Você tem duas vacas. As duas são loucas.

CAPITALISMO HOLANDÊS
Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, não gostam de touros e tudo bem.

CAPITALISMO ALEMÃO
Você tem duas vacas. Elas produzem leite pontual e regularmente, segundo padrões de quantidade, horário estudado, elaborado e previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos.

CAPITALISMO RUSSO
Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você pára de contar e abre outra garrafa de vodca.

CAPITALISMO SUÍÇO
Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar a vaca dos outros.

CAPITALISMO ESPANHOL
Você tem muito orgulho de ter duas vacas.

CAPITALISMO PORTUGUÊS
Você tem duas vacas... E reclama porque seu rebanho não cresce...

CAPITALISMO CHINÊS
Você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas. Você se gaba muito de ter pleno emprego e uma alta produtividade. E prende o ativista que divulgou os números.

CAPITALISMO HINDU
Você tem duas vacas. Ai, de quem tocar nelas.

CAPITALISMO ARGENTINO
Você tem duas vacas. Você se esforça para ensinar as vacas a mugirem em inglês... As vacas morrem. Você entrega a carne delas para o churrasco de fim de ano ao FMI.

CAPITALISMO BRASILEIRO
Você tem duas vacas. Uma delas é roubada.. O governo cria a CCPV - Contribuição Compulsória pela posse de Vaca. Um fiscal vem e lhe autua, porque embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas e, para se livrar da encrenca, você dá a vaca restante para o fiscal deixar por isso mesmo...

Lição de Marketing...

Em uma convenção de fabricantes de cervejas brasileiras, reunindo os maiores produtores do país, estavam presentes os presidentes da Brahma, Skol , Kaiser, Antartica, Schin, etc.
Ao término do simpósio todos se reuniram no restaurante para uma 'confraternização'. Muito esperto, ao perceber a aproximação do garçom, o presidente da Schin pediu em alto e bom som:
- Garçom, uma Nova Schin, por favor! Isso sim é que é bebida!
Todos se olharam espantados, enquanto ele contemplava sua cerveja, certo de que saíra bem.
Não querendo deixar por menos, o presidente da Brahma sentenciou:
- Amigo! Traga a verdadeira nº.1 !
Novamente todos se olharam espantados e ele ficou achando que deu a resposta merecida!
Na mesma moeda, o presidente da Kaiser bate na mesa e grita:
- Me vê a do baixinho! Esse sabe das coisas...
E assim, seguiram os presidentes das cervejarias, cada um pedindo a sua maneira, até que chegou a vez do presidente da Skol:
- Garçom! Uma coca-cola, por favor!
Todos se olharam abismados, achando que ele perdera uma boa oportunidade de responder a altura.
O garçom curioso, aproxima-se e pergunta:
- O senhor tem certeza?
Ele respondeu:
- Tenho! Se ninguém vai beber cerveja, eu também não vou!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Cuidado com os criativos. Eles são muito perigosos.

Gente fala em clientes, contatos, gerentes de marketing, redatores, diretores de arte, consumidores e a primeira coisa que eu queria dizer é que eles não existem. Na verdade, são apenas pessoas executando uma ação de comprar um bem, ou escrever um texto ou dirigir uma empresa. Na verdade, somos parte de um grande mar de pessoas e o nome da nossa profissão é: pessoas.

O esquecimento deste fato é que gera os grandes equívocos profissionais e, em muitos casos, os fracassos dos produtos e das empresas. O industrial que fabrica aparelhos de som se envolve tanto com o produto que acha que aquilo que ele está vendendo é um mini system com 100 watts de potência de saída, woofer, catalizador, tecla sap e outras criptografias do gênero. Qualquer anúncio que transmita exatamente isso, escrito em português ou grego, tem exatamente o mesmo efeito: ninguém tem a menor idéia sobre o que você está falando. Porque quem compra um mini system com 100 watts de saída é um ser humano, cujo desejo principal é ouvir música. A potência do sistema só tem valor enquanto fator de melhoria da qualidade do som que se pretende ouvir. Os fabricantes em geral levam muito a sério os seus produtos. O consumidor nem tanto. Uma pesquisa feita pela Talent, há anos, sobre percepção de anúncio de revista, revelou que o índice de lembrança variava de no máximo 80% em um bom anúncio para um mínimo de zero. Ou seja, um dos anúncios não foi registrado por nenhuma das cem pessoas que o leram. Exatamente um anúncio cheio de informações. Por que as pessoas não registraram? Porque ninguém é capaz de registrar instantaneamente um grande número de informações. Eis porque existem poetas e criadores. Quando o Chico Buarque diz "passas em exposição, ver teu vigia catando a poesia que entornas no chão", coloca tal quantidade de informações nesta frase que permitiria escrever-se uma peça. No anúncio mais famoso de todos os tempos, "Think Small", para o Fusca, há mais argumentos sobre por que uma pessoa compraria este carro feio, lento, inseguro e desconfortável, do que os alemães poderiam colocar em 40 páginas de texto. Esta síntese milagrosa criou um dos maiores sucessos da indústria automobilística de todos os tempos. É por isso que o mundo precisa de poetas. É por isso que a comunicação precisa de criatividade.

O mundo às vezes se esquece disso e paga caro. Nos anos 80, inventou-se um monstrengo chamado reengenharia que, em nome da eficiência, demitiu dezenas de milhares de pessoas no mundo inteiro. Fechou fábricas, cortou investimentos em pesquisas, trocou a comunicação e os investimentos na marca e nos conceitos de produtos por ofertas diretas de preços e conveniência. A propaganda ficou, por uns tempos, direta, racional, informativa, vendedora e burra. Diretores financeiros e administrativos assumiram as empresas e, em muitos casos, as agências de propaganda. Existe a piada de um especialista de reengenharia que foi contratado para fazer a reengenharia da Filarmônica de NY. Ele começou o relatório dizendo que desde logo notara um grande desperdício que, por observação dos 40 violinos, pelo menos 20 tocavam a mesma melodia; percebendo também que o músico mais caro e de melhor qualificação não tocava instrumento nenhum e ficava na frente gesticulando. Terminou por reduzir a Filarmônica a 17 músicos e colocou um violino na mão do maestro. Ninguém mais assistiu à Filarmônica. E foi exatamente o que aconteceu com as empresas. Cortaram os custos, mas perderam a competitividade e, em muitos casos, a marca e até a empresa.

Este foi o período da propaganda pragmática. Caracterizou-se por uma tentativa frenética de rebaixamento das taxas das agências, aviltamento nos custos de produção, aumento de promoção e telemarketing, liquidações e lançamentos de produtos depenados. O resultado dessa filosofia pragmática foi a quebra de setores inteiros de lojas de varejo. Por exemplo: Macys, Sears, Bloomingdales nos Estados Unidos e Mappin e Mesbla no Brasil, entre outros. Aí, os empresários começaram a perceber que alguma coisa estava errada. Começaram a perceber que empresas que não tinham feito liquidação, não tinham depenado seus produtos e feito propaganda, estavam tendo resultados muito melhores . A Brastemp, a Semp Toshiba e a Coca-Cola, por exemplo, fizeram o contrário, investiram pesadamente em criatividade para suas marcas. Da mesma forma, a Nike, Budwieser etc. etc. O panorama hoje é de uma procura frenética pela criatividade. Nunca obtive, na minha experiência profissional, uma demanda, uma fome tão voraz pelo novo, pelo original. Este é um fenômeno mundial.

Por que o criativo é importante? Simplesmente porque é percebido. Cada vez mais a ciência tem destrinchado os componentes biológicos do comportamento e descoberto que não há compra que não seja emocional. Um fato que se descobriu também é que a lembrança é diferente da memória. A lembrança é um instrumento de utilização rápida, a memória é um instrumento de utilização lenta. Quase todo mundo lembra como se chamava sua primeira professora. A minha tinha o nome singelo de Alice. A lembrança fica disponível por um período muito longo se estiver associada a elementos emocionais. Exemplo: cantar. A quantidade de letras de músicas que uma pessoa é capaz de lembrar instantaneamente é maior do que qualquer texto memorizado. Sem exceção. Uma informação que esteja associada ao ato de rir ou chorar se torna uma lembrança forte. A informação numérica e racional ninguém consegue guardar. Às vezes, nem o telefone da própria casa. Por exemplo: todo mundo sabe de cor o número do seu CIC? Mas a letra de Garota de Ipanema, que tem um número muito maior de informações do que os 11 algarismos do CIC a gente consegue guardar. Ser criativo é transformar informações irrelevantes sobre produtos igualmente irrelevantes num ato emocional da percepção. A percepção dificilmente ocorre por informação verbal direta. Imaginem na campanha "Não é assim uma Brastemp", se falássemos de chapas de aço etc. Ninguém guardaria. É isso que o mundo está descobrindo de novo. Chamo de nova, uma descoberta muito antiga.

Já tinha um senhor no século XVI que escreveu uma história sobre namorados chamada Romeu e Julieta. Se você analisar, no fundo é uma história trivial ou besta, mas na forma criativa se tornou imortal. Representada há mais de três séculos. É evidente que o fator de perpetuação não é a história, mas a forma genial de montar enredo e diálogos que permitam sintetizar nesta peça a história de todas as paixões do mundo. Mas ela não resistiria a uma análise racional do enredo. É a história de uma moça e de um rapaz de duas famílias inimigas, que se apaixonam. Aí a moça toma um veneno de mentirinha, finge que está morta. O rapaz acha que é de verdade e se mata, e ela se mata também. Ponha assim em um roteiro e tente vender a um cliente. A gente está no negócio de transformar a percepção em um ato emocional. Pegue o Hino Nacional e tente descobrir o que ele quer dizer. No entanto, as pessoas choram quando o ouvem. Para que serve um bebê? Qual é a utilidade de se apaixonar? Quanto custa um sorriso? Se repararem bem, estou falando de quase tudo que constitui a nossa existência. Estou falando das guerras, das grandes obras e talvez até do fim do mundo. Agora, nenhuma dessas coisas é racional, porque as pessoas são seres emocionais dominantemente. Racionalidade é uma faculdade operária que serve para a gente aprender a amarrar sapato e somar a conta do supermercado.

O nome da nossa profissão é "pessoas". Quanto mais racional você tentar ser, mais você vai se afastando delas. Acredite na criatividade, no amor, na paixão, isso é que é lógico. Um dos maiores gênios criativos de todos os tempos da propaganda foi Willian Bernbach. Ele criou anúncios fantásticos para VW, Alka Selzer, Polaroid. Ele tinha duas frases: A 1ª: Desconfio das pesquisas. Os executivos que gastam muito tempo lendo as pesquisas para saber o que acham do seu produto, esquecem que a finalidade da propaganda é justamente modificar o que as pessoas acham dos produtos. A 2ª frase: "O risco maior que existe para um anunciante é tentar fazer propaganda sem risco." O medroso atrai a bala. As piores campanhas são sempre geradas pelas melhores intenções. Tentar fazer uma campanha estritamente baseada em dados de pesquisas é o mesmo que colocar um gene de jumento no corpo de uma borboleta.

Alguns dos homens mais ricos e bem-sucedidos do mundo são gênios criativos. Bill Gates, por exemplo, não possui um metro quadrado de terra nem operários e é o homem mais rico do mundo. E só vai continuar rico se continuar criativo. Steve Jobs, que inventou o computador pessoal, ganhou cem milhões de dólares, com 24 anos de idade. Um dia os acionistas da sua empresa acharam que ele era imaturo e sonhador, foi demitido e contrataram um executivo racional. Em alguns anos, a Apple quase foi à falência. Foram buscá-lo de volta. Em seis meses, inventou o IMAC. Fez acordo com a IBM, fez acordo de parceria com Bill Gates, ganhou um bilhão de dólares numa noite e transformou a Apple de novo em um império.

Criatividade e seriedade são duas coisas completamente compatíveis. As pessoas tendem a confiar nos banqueiros e desconfiar dos poetas. Mas são os poetas que mudam o mundo.


Autora: Ana Carmen Longobardi

Amizade

Um dia a maioria de nós irá se separar.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino,ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar quem sabe......
Podemos nos telefonar conversar algumas bobagens....
Aí os dias vão passar, meses...anos...
até este contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo....
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão?
Quem são aquelas pessoas?
Diremos...Que eram nossos amigos. E...... isso vai doer tanto!
Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
nos reuniremos para um ultimo adeus de um amigo.
E entre lágrima nos abraçaremos.
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado.
E nos perderemos no tempo.....
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo :
não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades
seja a causa de grandes tempestades....
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

(Fernando Pessoa}.

Pensando Pesado

Oi, gente. Meu nome é João S., e eu penso demais.

Começou de um jeito bem inocente. Eu comecei a pensar socialmente em festas de vez em quando, só pra me soltar. Mas uma coisa levava a outra, e logo eu pensava não só socialmente.

Aí eu comecei a pensar sozinho "para relaxar", eu me dizia. Mas eu sabia que não era verdade. Pensar era cada vez mais importante para mim. Depois de um tempo, não consegui me controlar mais e passei a pensar o tempo inteiro.

Comecei a pensar até no trabalho. Eu sei que não se pode misturar pensamento e trabalho, mas eu não conseguia evitar. Alguns colegas começaram a notar meu olhar de concentração profunda, e que eu sempre estava com um livro de filosofia. Eu sumia no almoço e ia para um parque para ler alguns capítulos de Ayn Rand, ou só sentava ali olhando para o infinito, perdido nos meus pensamentos. Logo todo mundo percebeu que eu estava pensando fora de controle, e que estava pensando a maior parte do dia, todos os dias.

Eu comecei a evitar amigos no almoço para ler Thoreau e Kafka. Eu voltava para o escritório meio tonto e confuso, perguntando "afinal de contas, o que estamos fazendo aqui?"

Em casa as coisas também não iam às mil maravilhas. Uma noite, depois de pensar quase o dia inteiro no trabalho, eu desliguei a tevê e perguntei à minha esposa o significado da vida. Ela dormiu aquela noite na casa da mãe.

Eu logo ganhei a reputação de estar pensando demais. Um dia, quando sabia que não podia mais esconder isso, meu chefe me chamou até o seu escritório. Ele disse:

"João, eu gosto de você, e me dói dizer isso, mas o seu costume de pensar se tornou um problema. Se você não parar de pensar no trabalho, vou ter que despedi-lo. Não tem como tocar um negócio se todos os funcionários começarem a pensar. Mais cedo ou mais tarde, alguém vai se machucar. Procure um profissional."

Isso me deu o que pensar.

Naquele dia, cheguei mais cedo em casa depois da conversa com o chefe. "Querida", falei, "eu tenho pensado... "

"Eu sei que você tem pensado, disse ela, e eu quero me separar! "

"Mas querida, não é tão sério."

"É sério sim, disse ela, com o lábio inferior tremendo. Você pensa tanto quanto aqueles professores universitários, e professores universitários não ganham dinheiro! Se você não parar de pensar, não vamos conseguir mais pagar as contas! "

"Esse é um falso silogismo", afirmei impacientemente, e ela começou a chorar. Tinha sido a gota d'água para ela, e para mim também. "Vou para a biblioteca", grunhi, e saí violentamente porta afora.

Fui na direção da biblioteca, a fim de um pouco de Nietzsche e escutando a Rádio Cultura no caminho. Entrei voando no estacionamento e corri até aquelas grandes portas de vidro... mas elas não abriam. A biblioteca estava fechada. Até hoje, acredito que uma Força Superior olhava por mim naquela noite, ou pelo menos foi isso que pensei na época.

Enquanto escorregava para o chão, agarrado na porta, soluçando por um pouco de Platão ou Sócrates, um cartaz me chamou a atenção. Dizia: "Amigo, o pensamento está acabando com a sua vida?" Você provavelmente conhece essa frase. É o cartaz-padrão dos Pensadores Anônimos.

É por isso que estou aqui hoje: eu pensava demais e estou me recuperando. Eu nunca perco um encontro dos PA. Em cada encontro nós assistimos um vídeo não-educacional; semana passada foi "Porky contra-ataca". Depois falamos de nossas experiências sobre como evitar o pensamento desde o último encontro.

Eu consegui meu emprego de volta, e as coisas estão bem mais fáceis agora. Minha esposa e eu nunca falamos sobre aquela época horrível quando eu pensava o tempo inteiro. A vida ficou... mais fácil, de certa maneira, agora que eu parei de pensar.

Autor desconhecido

Carta de Bill Bernbach

“Caro............,

Nossa agência está crescendo. Isso é motivo para estarmos satisfeitos, mas também é algo para nos deixar preocupados. E eu não vou negar que estou muito preocupado.

Estou preocupado de cairmos na armadilha da grandeza, de cultuarmos técnicas em vez de essência, de seguirmos a história ao invés de fazê-la, de nos afogarmos em superficialidades em vez de nos mantermos à tona com fundamentos sólidos. Estou preocupado que nossas artérias criativas comecem a endurecer.

Existem ótimos técnicos em publicidade. Eles sabem se expressar bem. Conhecem todas as regras. São capazes de dizer que colocar pessoas num anúncio vai aumentar o índice de leitura. Podem dizer se uma frase deve ser longa ou curta. Eles podem dizer que um texto deve ser divertido para a leitura ficar mais fácil e convidativa. São os cientistas da propaganda. Só tem um problema: propaganda é fundamentalmente persuasão. E persuasão não é uma ciência, mas uma arte.

É essa faísca criativa de que eu tenho tantos ciúmes na nossa agência e que eu tenho tanto medo de perder. Eu não quero acadêmicos. Eu não quero cientistas. Eu não quero pessoas que façam as coisas certas. O que eu quero é gente que faça coisas inspiradoras.

No ano passado, eu devo ter entrevistado cerca de 80 pessoas, entre redatores e diretores de arte. Muitos eram das chamadas “grandes agências”. Foi espantoso perceber como poucas dessas pessoas eram genuinamente criativas. Claro, elas tinham experiência em propaganda, conheciam as técnicas publicitárias. Mas olhe além da técnica, e o que é que você encontra? Uma mesmice, um cansaço mental, uma mediocridade de idéias. Mas essas pessoas eram capazes de defender cada anúncio dizendo que eles obedeciam às regras da propaganda. Era como adorar um ritual em vez de adorar a Deus.

Tudo isso não é para dizer que a técnica não é importante. Habilidade técnica superior torna um homem que é bom melhor ainda. O perigo está na preocupação exagerada com o conhecimento técnico, ou em confundir conhecimento técnico com criatividade. O perigo está na tentação de contratar indivíduos padronizados que tenham uma fórmula para a propaganda. O perigo está na tendência natural de ir atrás do talento comprovado que não vai nos colocar em posição de destaque no mercado mas, ao contrário, vai nos tornar parecidos com todas as outras agências.

Se vamos avançar, nós precisamos emergir com uma personalidade distinta. Precisamos desenvolver nossa própria filosofia, não deixando que a filosofia publicitária de outra seja imposta a nós.

Deixe-nos traçar nossos caminhos. Deixe-nos provar para o mundo que bom gosto, boa arte e boa redação podem ser bons vendedores.

Bill Bernbach

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Um excelente texto de C.S. Lewis.

"Nenhum homem sabe quão mau ele é, até que ele tenha tentado de toda maneira ser bom. Uma idéia tola, mas muito atual é que as pessoas boas não conhecem o significado ou não passam por tentações. Isto é uma mentira óbvia. Só aqueles que tentam resistir a tentação, sabem quão forte ela é. Afinal de contas, você descobre a força do exército inimigo lutando contra ele, não cedendo a ele. Você descobre a força de um vento, tentando caminhar contra ele, não se deitando ao chão. Um homem que cede ante a tentação depois de cinco minutos, simplesmente não sabe o que teria acontecido se tivesse esperado uma hora. Esta é a razão pela qual as pessoas ruins, de certa forma, sabem muito pouco sobre sua maldade. Elas viveram uma vida abrigada por estarem sempre cedendo. Nós nunca descobrimos a força do impulso mal dentro de nós, até que nós tentamos lutar contra ele: e Cristo, porque Ele foi o único homem que nunca se rendeu a tentação, também é o único homem que conhece completamente o que tentação significa–o único realista no total sentido da palavra”.

C. S. Lewis

“Império homossexual”

Para senador evangélico, projeto da lei anti-homofobia concede aos gays direitos que nenhum outro segmento tem no Brasil.


O senador Magno Malta (PR–ES), um dos críticos mais ferrenhos do Projeto de Lei nº 122/06 – a chamada lei anti-homofobia –, declarou que o instrumento vai criar um “império homossexual” no Brasil. Malta foi um dos líderes da manifestação que levou mais de 1 mil evangélicos a Brasília no último dia 25 de junho. Impedido de entrar no Congresso Nacional, o grupo gritou palavras de ordem e orou na Praça dos Três Poderes, em companhia de dirigentes de igrejas, parlamentares e representantes de organizações católicas e protestantes. Para o senador capixaba, o projeto, como está, cria direitos para os gays que nem outras minorias, como índios ou deficientes físicos, têm. O PL 122/06 proíbe, entre outras coisas, que homossexuais sejam impedidos de expressar afeto em público ou submetidos a constrangimentos de natureza religiosa. Pastores e líderes evangélicos temem que as novas regras, se implementadas, vão restringir parte importante da pregação cristã, inclusive na área da moral e do comportamento – como a condenação ao homossexualismo, prática veementemente condenada em diversas passagens da Bíblia.
O assunto foi tema de reportagem na edição nº 3 da revista CRISTIANISMO HOJE. No entender do deputado federal Walter Brito Neto (PRB–PE), pregadores podem vir a ser impedidos de defender o que a Bíblia diz: “Os padres, as lideranças religiosas, os pastores não podem ter a sua palavra cerceada por um projeto desses, porque ele acaba desrespeitando a liberdade de expressão e também a liberdade religiosa”, protestou. Já aprovado na Câmara, o PL 122/06 agora tramita no Senado.

Fonte: Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

Fonte:www.cristianismohoje.com.br/artigo.php?artigoid=34449

Billy Graham e seu filho Franklin em sua casa

Projeto Minha Esperança, campanha evangelística da Associação Evangelística Billy Graham, acontece este ano no Brasil.


O próximo mês de março marca o início de uma grandiosa campanha evangelística que será realizada em todo o Brasil, de forma simultânea. E ela leva a chancela daquele que é considerado o maior ganhador de almas para Jesus do mundo contemporâneo – ninguém menos que o célebre pregador norte-americano Billy Graham. Pois é a entidade internacional fundada por ele, a Associação Evangelística Billy Graham (AEBG), que está à frente do projeto Minha Esperança, que já percorreu várias nações do mundo e 16 países da América Latina, sempre com imenso retorno espiritual. Segundo dados da organização, a campanha levou aos pés de Cristo, por exemplo, 500 mil pessoas no México, aproximadamente o mesmo número de decididos nas Filipinas.
Isso só foi possível porque o veículo escolhido para a propagação da mensagem da fé é a televisão. Aqui no Brasil, a expectativa da AEBG é ainda maior, já que cerca de 80% dos lares do país têm ao menos um aparelho de TV. A estratégia adotada, apesar da grandiosidade do projeto, é simples: cada crente será estimulado a reunir, em sua casa, amigos, parentes e vizinhos que não conhecem o Evangelho para assistir a uma série de três programas, exibidos em dias consecutivos, em rede nacional e no horário nobre. A idéia foi inspirada na atitude de Mateus, o discípulo de Jesus que reuniu outras pessoas em sua casa para ouvir as palavras de salvação do Mestre.
Além de pregações de Billy Graham e de seu filho e herdeiro ministerial, Franklin, serão exibidos um filme evangelístico, música cristã e testemunhos. Ao final de cada programa, é claro, haverá apelo para conversão. A partir daí, o trabalho será dos “Mateus”. Em cada lar participante, haverá muita conversa e orações, e quem aceitar a mensagem será encaminhado às igrejas locais.

Mobilização – Lançado no país em outubro passado, o projeto consiste de diversas fases, algumas já em pleno andamento. Além de encontros com lideranças evangélicas, a AEBG vai promover reuniões de treinamento em todo o país, visando obter o apoio das igrejas e recrutar participantes. A partir de agosto, a mobilização se intensifica com o envolvimento de milhares de pastores, que receberão material de apoio e orientações para capacitar seus membros. Ao mesmo tempo, será desencadeada uma grande campanha promocional na mídia, con inserções em revistas, jornais e na TV. Finalmente, em data a ser divulgada – sabe-se apenas que as transmissões acontecerão de quinta-feira a sábado –, serão exibidos os programas, todos produzidos com profissionalismo e forte conteúdo espiritual.
A próxima etapa já começa no dia seguinte, quando todos os espectadores serão convidados pelos “Mateus” a visitar uma igreja. É o chamado Domingo da Colheita, visando à apresentação e ao acolhimento dos novos crentes. A partir daí, entra em cena o bom e velho discipulado cristão. A campanha é como se o próprio Senhor Jesus visitasse no mesmo dia milhões de lares brasileiros e repetisse a cada espectador o bendito apelo: “Eis que estou à porta e bato”.


Serviço

Quem quiser mais informações sobre o projeto Minha Esperança e tiver interesse em participar da campanha pode fazer contato com o escritório de Coordenação Nacional, que fica na Avenida Adolfo Pinheiro, 2.360, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo (SP), CEP 04734-004. Os telefones são (11) 3429-5100 e 3429-5103, e o e-mail é secretaria@minhaesperanca.com.br

Para quem quiser ver o vídeo promocional:
www.youtube.com/watch?v=z17haR8tt1o

Fonte:www.cristianismohoje.com.br/artigo.php?artigoid=33587

Gondim confessa mágoas e reafirma sua fé no Evangelho

“Tenho mágoa de quem me chamou de herege”.


Fim de culto na Betesda. A igreja ocupa um imenso galpão na zona sul de São Paulo. Ricardo Gondim chama um dos pastores para fazer a oração final e deixa a plataforma a passos rápidos enquanto a congregação está de olhos fechados. No entanto, em vez da saída à francesa, ele opta pela “versão Ceará”, postando-se à porta do templo para cumprimentar as pessoas. Tudo como manda o mais autêntico figurino presbiteriano. Posa para fotos, autografa livros e distribui sorrisos e abraços para aos que se comprimem à sua volta.
Para desapontamento de inúmeros desafetos, o escritor e pastor parece revestido de uma espécie de couraça contra os rótulos que lhe são atirados com freqüência. “Arrogante”, “herege”, “polêmico” e “mundano” são apenas alguns, digamos, publicáveis. Após receber muitos protestos sobre as supostas heresias defendidas por seu articulista, a revista evangélica Ultimato se pronunciou no ano passado (edição 308) usando dois adjetivos sobre os textos de Gondim: “Apreciados” e “saudáveis”.
Um rápido exame nas dezenas de textos de seu visitadíssimo site já é suficiente para identificar algumas preferências pouco (ou nada) ortodoxas para um líder pentecostal. De Vinicius de Moraes a Lenine, a lista para lá de eclética inclui nomes como Almodóvar, Rubem Alves e Simone Weil. Com o fôlego de quem correu onze maratonas e dezesseis vezes a São Silvestre, Gondim revela que a corrida funciona como espécie de exorcismo para ele e para os amigos que o acompanham. “Após vários quilômetros percorridos, costumamos dizer que suamos vários demônios”, graceja.
Ao receber CRISTIANISMO HOJE, cercado de livros numa filial da Livraria Cultura – templo-mor das letras na capital paulista –, Ricardo Gondim olhou na janela para o prédio da TV Globo e perguntou se Kixapágua (entidade que atua por trás da Vênus Platinada, segundo o apóstolo da Igreja Renascer, Estevam Hernandes) não iria atrapalhar o papo. Das risadas iniciais à emoção ao tocar em dores ainda sensíveis, o pastor falou sobre muitas coisas, inclusive de suas mágoas.

CRISTIANISMO HOJE – Agora em maio, duas grandes catástrofes – o ciclone em Mianmar e o terremoto na China – assustaram o mundo e novamente levaram os crentes a pensar sobre as razões do sofrimento humano. Como o senhor, que na época do tsunami ocorrido na mesma Ásia em 2004 causou polêmica com um artigo sobre as tragédias, analisa a questão do sofrimento humano diante da existência de um Deus que se apresenta ao homem como pleno de amor?
RICARDO GONDIM – Discordo da explicação fundamentalista de que “todas as tragédias são provocadas pelo pecado original”. É um simplismo cruel e inútil. Como escrevi inúmeras vezes, não consigo acreditar numa divindade que tudo ordena e orquestra. Em Os irmãos Karamazov, de Dostoievski, Ivan diz num certo momento: “Há uma coisa no Universo que clama: o choro de uma criança”. O Deus da Bíblia não é sádico de provocar a morte de milhares de vidas. Exatamente pelo fato de Deus ser amor, ele possibilita a felicidade e a infelicidade. Nossas escolhas, decisões e articulações sociais interferem nos resultados. Ao mesmo tempo, a vida é trágica e feliz. Deus é sempre parceiro do homem nessa busca de tornar a vida mais intensa e prazerosa. Como afirma André Comte-Sponville, “somos os únicos seres do Universo que podem humanizar ou desumanizar”.

Na época do tsunami, teólogos se insurgiram contra alguns de seus textos, desfiando uma série de argumentos. Hoje, o senhor é mestrando em ciências da religião na Universidade Metodista. É importante estudar teologia?
Depende de como você entende a teologia. Deus não pode ser dissecado. Como disse Paul Tillich, “Deus está além de Deus”. Entendo teologia como o estudo e a maneira como organizamos nossa vida a partir da compreensão que temos de Deus, ou, lembrando Rudolf Otto, do nosso “encontro com o sagrado”.

Mesmo entre as pessoas que não professam nenhuma religião, a sucessão de fatos trágicos e de episódios de crueldade humana explícita, como o assassinato da menina Isabella Nardoni, sugerem que algo muito grave e de contornos ainda indefinidos esteja acontecendo. O atual recrudescimento da brutalidade humana aponta a proximidade dos eventos escatológicos bíblicos ou são apenas novas expressões de um quadro que sempre houve?
Todos esses fatos recentes são apenas expressões de algo que sempre aconteceu. Repare que, ao longo da história, foram comuns perseguições contra judeus, hereges, escravos... A própria Reforma Protestante foi um episódio violento. Em Casa grande & senzala, Gilberto Freyre discorre sobre o que algumas senhoras faziam por ciúme da beleza das escravas. Quebravam-lhe os dentes com chutes ou mandavam-lhes cortar os peitos. De certa maneira, creio que o que aumentou foi o nível de intolerância social à brutalidade – por isso a comoção e a revolta provocadas por esses episódios.

Quando foi a última vez que o senhor chorou?
Na semana passada, durante reportagem na TV sobre o terremoto da China. Depois de quatro dias, conseguiram resgatar uma criança com vida. Um pai tentou invadir a ambulância ao imaginar que era seu filho. Chorei ao ver o desespero daquele homem.

Quais são as principais diferenças entre o Ricardo Gondim de hoje e aquele que começou o ministério há três décadas?
Eu era um homem com um idealismo ingênuo. Não sabia diferenciar ilusão e encantamento. Ilusão é baseada em fantasias; já o encantamento nasce da observação da realidade. Continuo encantado com o Evangelho, com “E” maiúsculo.

Então, quem é Ricardo Gondim?
Um homem introspectivo e nostálgico. Gosto de ambientes intimistas e tenho profunda necessidade de estabelecer relacionamentos significativos, sem trocas ou quaisquer tipos de interesses.

Nos últimos cinco anos, o senhor tem se notabilizado como um crítico do segmento evangélico. Iniciativas como o blog Outro Deus e a maciça produção de textos nesta linha têm marcado seu ministério. Até que ponto isto se confronta ou complementa sua atuação pastoral?
Comecei a escrever pelo fascínio da própria literatura, cuja excelência intrínseca é maior que a da oralidade. Esse exercício adensa pensamentos e complementa idéias que surgiram nas mensagens. Todas as semanas posto textos inéditos e meu site recebe cerca de 1.400 visitantes por dia e mais de 1,5 mil e-mails por mês.

Em seus pronunciamentos recentes, o senhor revela a vontade de afastar-se de tudo e chega a sugerir que as pessoas não compareçam sequer aos eventos que promove. No entanto, o senhor continua participando e promovendo eventos destinados ao público evangélico e permanece na direção da Betesda – uma igreja com corte social de classe média urbana, presença na mídia e atuação institucionalizada, como tantas outras denominações cuja existência legitimam suas críticas. Não é um paradoxo?
É preciso definir os acampamentos. Há um movimento evangélico que mostra ter exaurido as forças. Alguns sinais dessa exaustão são a falência ética e as campanhas constantes para trazer pessoas à igreja. Para mim, agenda cheia demonstra fraqueza. Para fidelizar o público, há gente buscando atrações cada vez mais fantásticas. No caso da Betesda, é explícita a posição de não repetir modelos falidos e teologias engessadas da década de quarenta. O que faço hoje são eventos voltados para a própria igreja. Recentemente, decidi suspender o Congresso de Reflexão e Espiritualidade, voltado basicamente para pastores, que acontece há vários anos. E não compactuo com nenhum messianismo do tipo “impactar a nação por meio de eventos”.

Falar de gigantismo e inchaço da Igreja brasileira tornou-se atitude recorrente nos últimos 20 anos, período no qual a população evangélica do país quase triplicou. Quais são, na sua opinião, os efeitos de tal avanço? Existem premissas equivocadas na tradição evangélica e na práxis desta Igreja?
Alguns efeitos são perigosíssimos. A Igreja passou a ser vista como outra força, entrando na disputa de poder. O crescimento acentuado enfraqueceu o zelo pelo conteúdo da mensagem. Isso promoveu sentimentos de ufanismo e triunfalismo desmedidos. Mas não ocorreu avivamento. O que aconteceu foi uma confluência de fatores sociológicos que explicam o crescimento do rebanho. Não é necessário enfatizar princípios espirituais para explicar o aumento do número de evangélicos.

O movimento da Igreja emergente, que tem ganhado força nos EUA, começa a influenciar lideranças no Brasil. Qual é o seu posicionamento acerca dele?
Depois de muitos anos de crescimento do fundamentalismo, nomes como Brian McLaren, Rob Bell e o próprio Phillip Yancey representam um certo ar fresco na ambiência evangélica dos Estados Unidos. Ainda assim, vejo o movimento como algo norte-americano, sem diálogo com outras tradições cristãs ao redor do mundo.

A dinâmica dos grupos pequenos cresce no contexto do Evangelho urbano. Eles vão representar necessariamente a extinção das grandes igrejas?
O futuro mais lúcido da Igreja Evangélica está nos pequenos grupos. As instituições não vão acabar; porém, não serão solo fértil para as grandes inovações. Enquanto as grandes igrejas repetem clichês, pessoas reunidas em grupos menores vão experimentar o enriquecimento da alma.

Quais foram os motivos da recente divisão ocorrida na Igreja Betesda, cujo núcleo em Fortaleza, no Ceará, desligou-se da sede em São Paulo?
Não houve desligamento de São Paulo. O que aconteceu foi uma divisão dentro da Betesda de Fortaleza. Um grupo alegou que minhas propostas teológicas eram “incompatíveis”. No entanto, na realidade tratava-se apenas de disputa interna de poder. Na época, a igreja perdeu alguns líderes e cerca de 40% dos membros.

Igrejas pentecostais como a Assembléia de Deus, à qual o senhor foi ligado, foram durante muito tempo estigmatizadas devido ao perfil de sua membresia, prioritariamente formada por pessoas dos estratos sociais mais populares. De acordo com sua observação, essa visão ainda persiste?
Um dos fenômenos comprovados em relação aos pentecostais foi a ascensão social do segmento. Obviamente, isso trouxe benefícios e problemas. A produção teológica e literária é um fator positivo. Por outro lado, muitas pessoas passaram a se comportar como os demais estratos da população, supervalorizando o status e outros sinais de riqueza. Daí para a teologia da prosperidade pregada pelos neopentecostais a distância foi curta.

“Ao tentar transformar-se em ciência, a teologia só conseguiu produzir uma caricatura do discurso racional, porque essas verdades não se prestam à demonstração científica.” As palavras são de Karen Armstrong, autora do livro Em nome de Deus – O fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo. Qual a face mais aguda do fundamentalismo no Cristianismo de hoje?
O fundamentalismo confunde fé com aceitação de conceitos doutrinários. Seus defensores acreditam numa verdade que pode ser totalmente abraçada a partir de certas lógicas. Crêem chegar a uma verdade plena, fechando-se ao diálogo.

Quem são, hoje, as lideranças e pensadores que influenciam sua atuação ministerial?
Além da ala “emergente” (Bell, McLaren), tenho lido autores católicos latino-americanos, como Juan Luis Segundo. Gosto bastante também das obras do espanhol Andrés Torres Queiruga, além de teólogos judeus como Jonathan Sacks e Abraham Heschel.

Ideologicamente, como o senhor se define?
Sou um pensador independente, de esquerda. Não acredito no neoliberalismo capitalista. Ele produz os excluídos. O Evangelho defende os pobres e os marginalizados.

O senhor é um autor bastante apreciado pelos crentes brasileiros. Qual sua opinião sobre a literatura evangélica em nosso país?
A produção literária evangélica é deficiente. A razão é o freio dogmático que gera pessoas mais preocupadas com a defesa da fé do que em produzir literatura.

Quais os autores que mais o influenciam?
Entre vários escritores que fazem parte da minha vida, posso citar José Lins do Rego, Machado de Assis, Thomas Mann e Victor Hugo. O clássico Os miseráveis é uma das minhas obras favoritas.

Lançado em 1998, É proibido (Mundo Cristão) é um de seus livros mais vendidos. Dez anos depois dele, o que a Bíblia permite e a Igreja ainda proíbe?
A Igreja brasileira ainda não soube, por exemplo, lidar com a questão do álcool. Os conceitos lembrados remetem à Lei Seca dos Estados Unidos. Portugal já resolveu essa questão de forma equilibrada há muito tempo e ninguém fica escandalizado ao ver um cristão tomar vinho.

E a relação do povo evangélico com a arte, por exemplo?
É esquizofrênica e mal-resolvida. Dicotomizaram as manifestações artísticas em “sacra” e “profana” – mas não fazemos essa mesma distinção na hora de ler um texto. Em resultado disso, os cristãos sofrem empobrecimento generalizado na hora de saborear e desfrutar da vida. As expressões mais belas de uma geração estão em sua produção artística.

No ano passado, a Editora Ultimato publicou Eu creio, mas tenho dúvidas, obra que traz vários de seus artigos. Quais são suas principais dúvidas e inquietações?
Reflito com freqüência sobre a banalidade da vida. Basicamente, essas reflexões são ressonâncias do livro de Eclesiastes: nem sempre o justo prevalece, nem sempre o forte vence, nem sempre a vida faz sentido...

Em mensagem pregada recentemente, o senhor afirmou que às vezes lhe vêm à mente pessoas que o machucaram, e confessou ter mágoa de algumas delas. Como é esse sentimento?
Tenho mágoa de pessoas que lidaram comigo a partir de rótulos e preconceitos. Tenho mágoa de pessoas que foram intelectualmente desonestas comigo, tentando desconstruir meus textos sem sequer ler as referências. Tenho mágoa de pessoas que me chamaram de “herege” e “apóstata”, uma verdadeira perversidade de gente que não conhecia toda a extensão das questões em debate.

Fonte:www.cristianismohoje.com.br/artigo.php?artigoid=34206